Padroeiro

São Paulo, Apóstolo dos pagãos e grande missionário de Cristo.

 

SAULO DE TARSO

O homem que hoje conhecemos como São Paulo Apóstolo foi um hebreu da tribo de Benjamim, nasceu possivelmente no ano 5 d.C. na cidade de Tarso, Cilícia, colônia que pertencia ao Império Romano, atualmente localizada no sudeste da Turquia.

Saulo era um cidadão cosmopolita, educado no farisaísmo, mas conhecia a cultura grega, tinha cidadania romana, falava grego e aramaico e vivia num importante centro filosófico, junto com Atenas e Alexandria, Tarso possuía as melhores universidades da época, e recebia pessoas de vários locais do império.

Ainda jovem foi para Jerusalém onde virou discípulo na escola de Gamaliel para aprofundar seus conhecimentos nas Sagradas Escrituras Antigas. Nesta época conheceu os seguidores do “Caminho”, nome dados aos que seguiam Cristo e era considerados inimigos da religião judaica.

Em nome da defesa, da tradição e da fé judaica, Saulo se tornou um implacável e violento perseguidor de cristãos nos arredores de Jerusalém e era temido pelas primeiras comunidades.

Sua vida passa por uma transformação radical aos 27 anos de idade quando, a caminho de Damasco, teve uma visão de Jesus envolto em uma luz incandescente que o cegou.

 

“SAULO, SAULO, POR QUE ME PERSEGUES?”

Após presenciar o violento assassinato do protomártir Estêvão, apedrejado por não renunciar a fé cristã, Saulo conseguiu uma carta do sumo sacerdote - endereçada às sinagogas de Damasco - que dava a ele a autoridade de prender os seguidores de Cristo e os conduzirem a Jerusalém, onde possivelmente teriam o mesmo destino de Estêvão.

Presume-se que o primeiro contato entre Jesus e Saulo é o narrado na Bíblia Sagrada. “Durante a viagem, ao se aproximar de Damasco, de repente uma luz vinda do céu o envolveu com sua claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” “Quem és tu, Senhor?” – perguntou. Ele disse: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” (At 9, 3-5).

Esse episódio transforma Saulo, o perseguidor da Igreja, em Paulo, o Apóstolo dos pagãos e grande missionário de Cristo. Essa conversão se torna uma das mais importantes para a história da Igreja, pois é a manifestação incontestável do poder da graça divina.

Paulo é apresentado como instrumento escolhido pelo próprio Cristo Ressuscitado para anunciar a Boa Nova (At 9,15-16) e com características de profeta. Mesmo com desconfiança, foi acolhido, batizado pelos seguidores de Cristo e se colocou a serviço da vontade de Deus. Ele é um dos grandes responsáveis pela propagação do Evangelho e que ele tenha chegado ao ocidente.

 

APOSTOLADO

Paulo foi um pregador incansável e nos lugares que chegava em missão, procurava a sinagoga, onde se reunia os judeus, pregava o evangelho e em seguida procurava os pagãos, ou os não judeus, para anunciar a Boa Nova.

Falava o idioma hebraico, aramaico e o grego, dominava a cultura judaica e helenística/ grega, o que facilitou sua pregação do cristianismo primitivo na Palestina e no Império Romano.

Como escritor, se colocou a responder as questões das comunidades no formato de epistolas ou cartas que de pronto eram recebidas com muito respeito nas igrejas. Também escreveu para pessoas em particular e seus escritos revelaram um apóstolo com um forte discurso de fé, esperança e caridade, além de toda a jornada que percorria em nome de Cristo e sua dedicação à conversão dos pagãos. Foi capaz de conseguir discípulos para Cristo mesmo quando preso, torturado, apedrejado e difamado.

Após a conversão, existe uma lacuna na história de Paulo que até hoje os estudiosos não conseguiram elucidar. É um período de tempo que durou aproximadamente uma década em que praticamente não existem registros ou relatos conhecidos e/ ou revelados. Depois disso o apóstolo se pôs a realizar expedições missionárias que foram decisivas para a propagação do cristianismo.

Nesse contexto se destaca as grandes viagens missionárias de Paulo, nelas ele converte pagãos, funda comunidades que mais tarde serão destinatárias de suas epístolas e parte fundamental do novo testamento da Bíblia Sagrada.

 

VIAGENS MISSIONÁRIAS

A palavra “apóstolo” tem origem grega e significa aquele que “representa” ou que é “enviado” com o mesmo pensamento e significado daquele que envia. Com esse espírito Paulo sai em busca dos gentios em pelo menos quatro grades viagens missionárias ou apostólicas.

PRIMEIRA VIAGEM

Roteiro cronológico: sai de Antioquia da Síria a Selêucia, daí por navio segue para Salamina, em Chipre. De Salamina a Pafos. De Pafos, em Chipre, a Perge, na Panfília. De Perge a Antioquia da Pisídia. De Antioquia a Icônio. De Icônio a Listra. De Listra a Derbe. De Derbe retorna a Listra e Icônio. De Antioquia até Perge, estabelecendo igrejas nestes lugares. De Perge a Atalia. De Atalia a Antioquia da Síria, o ponto de partida

A primeira viagem missionária durou 3 anos e ele foi acompanhado inicialmente por Barnabé e Marcos. Eles sairam da Antioquia, na Síria, rumo ao Chipre onde percorram a ilha a pé entre Salamina e Pafos. Depois cruzaram novamente o mar mediterrâneo rumo a Perga da Panfília e lá foram abandonados por Marcos. Daí em diante, Paulo e Barnabé atravessaram a Ásia menor a pé pela Via Imperial Augusta e na ida pregaram a Boa Nova na cidade de Antioquia da Psídia, onde foram perseguidos pelos Judeus e pregaram aos gentios. Em Icônio (Licaônia) a perseguição se repetiu, sofreram uma tentativa de linchamento público e foram para Listra, lá é realizada a cura de um paralítico e findam o trajeto em Derbe, região onde hoje é a Turquia. No caminho de volta eles revisitaram as cidades, ordenaram anciões nas comunidades recém fundadas e retornaram a Antioquia a partir do porto de Átila.

Essa viagem foi marcada pela controversa circuncisão dos gentios. A questão só foi resolvida após um intenso embate entre Paulo e Pedro no Concílio de Jerusalém. A tese de Paulo era de que a conversão a Cristo não passava pela conversão ao judaísmo, bastava se converter a Cristo, logo a circuncisão dos gentios não era obrigatória. Ao fim, a teologia de Paulo prevaleceu e Paulo recebeu de Pedro, Tiago e João a missão oficial de pregar aos gentios.

SEGUNDA VIAGEM

Roteiro cronológico: de Antioquia da Síria a Listra. De Listra a Trôade. De Trôade a Filipos. De Filipos a Tessalônica. De Tessalônica a Bereia. De Bereia a Atenas. De Atenas a Corinto. De Corinto a Éfeso. De Éfeso a Jerusalém. De Jerusalém a Antioquia.

A decisão marcou a história da Igreja. Paulo, com uma espécie de carta apostólica, começou a segunda viagem missionária ao lado de Silas (Silvano) e partiram de Jerusalém rumo a Cesareia, depois foram para a Antioquia, na Síria, seguiram na Ásia Menor por Tarso, Derbe, Listra anunciando Cristo e a decisão tomada no concílio. Na altura de Icônio recrutaram Timóteo, continuaram pela Antioquia da Psídia, Trôade e depois atravessaram o mar Egeu e atracaram na Europa.

Nesse caminho novo, fundam uma nova comunidade em Felipos, na Macedônia, onde foi açoitado e preso depois da conversão de uma escrava, mas a prisão foi vencida depois de um terremoto milagroso que ajudou a converter o carcereiro e saem da cidade depois que as autoridades descobrem a cidadania romana de Paulo.

A viagem continuou para Anfípoles, Apolônia e quando chega em Tessalônica é novamente perseguido após muitos crerem neles quando pregaram na sinagoga. Os gregos da Beréia receberam com fé o Evangelho, mas em pouco tempo, Paulo e Silas tiveram que ir para a região de Acaia para se livrar dos judeus de Tessalônica que chegaram a cidade para continuar a perseguição.

Eles pregaram com fé e perseverança em Atenas ao ponto de serem convidados a falar do Kerigna cristão no Areópago. Os filósofos desacreditaram deles, especialmente depois de falarem da ressureição de Jesus, mesmo assim, a pregação foi suficiente para converter Dionísio, o areopagita.

Silas e Timóteo ficam em Atenas enquanto Paulo segue para Corinto. Lá ele conhece Priscila e Áquila que se convertem e tornaram missionárias. Mais tarde o grupo reencontra Silas e Timóteo e começam a viagem de regresso pelo mar Egeu. Foram para Éfeso, permaneceram lá por aproximadamente dois anos e fundaram a que se tornaria mais tarde uma forte e fiel comunidade cristã daquela época.

Navegaram pelo mar Mediterrâneo até Cesaréia, visitaram os cristãos de uma comunidade formada ali e por terra retornaram a Antioquia e permaneceram por um ano antes de iniciar a terceira viagem.

 TERCEIRA VIAGEM

Roteiro cronológico: de Antioquia da Síria à Galácia. Da Galácia, através da Frígia, a Éfeso. De Éfeso, através da Macedônia, a Corinto. De Corinto, através da Macedônia, a Trôade. De Trôade, por mar, a Mileto. De Mileto, através de Rodes e Pátara, a Tiro. De Tiro, através de Cesareia, a Jerusalém.

Essa viagem serviu para consolidar as comunidades fundadas na Grécia e na Anatólia e, como as anteriores, começou na Síria e, mais uma vez, estava com Silas.

Ficaram por dois ou três anos em Éfeso evangelizando e realizando muitos milagres. Depois revisitou as comunidades da Macedônia (Felipos, Tessalônia e Bereia) e da Grécia (região de Acaia).

No regresso, visitou as comunidades do mar Egeu a começar por Felipos e continuou pela Ásia Menor via mar Mediterrâneo. Celebrou com os irmãos, fez milagres e longas homilias. Sempre animando as comunidades e reunindo os líderes das comunidades.

Quando finalmente chega a Palestina, os irmãos da Cesaréia o alerta dos perigosos que eu corria em Jerusalém. Haviam rumores falsos contra Paulo que criaram um ambiente hostil ao apóstolo, mesmo assim, ele seguiu para Jerusalém e disse que estava pronto para morrer por Jesus Cristo. Começava então a paixão de Paulo.

Ao chegar na cidade, Paulo procurou os apóstolos e foi ao templo para o ritual de purificação, mas logo foi arrastado de lá pelos judeus que tinham o firme propósito de matá-lo por linchamento, mas foi salvo e preso pelos guardas romanos e mais tarde julgado sem que fosse culpado por algum crime. Ele invoca os direitos de julgamento como cidadão romano e é enviado para a Cesareia e apela para ser julgado por César.

 QUARTA VIAGEM

Roteiro cronológico: de Jerusalém a Cesareia. de Cesareia a Sidônia. De Sidônia, costeando a Cilícia e a Panfília, até Mirra. De Mirra, costeando até Cnido e daí a sudoeste, passando por Clauda, até a ilha de Malta. De Malta a Siracusa. De Siracusa a Régio e Putéoli. De Putéoli, através do Foro de Ápio e as Três Tabernas, até Roma.

Na verdade, trata-se de uma viagem de cárcere em que mesmo em cativeiro, Paulo seguiu evangelizando. O objetivo não era missionaío, mas era somente levar Paulo, na condição de prisioneiro, de Jerusalém para Roma, para que o mesmo, na condição de cidadão do Império Romano, tivesse um julgamento com tal.

A viagem se tornou um grande desafio diante das condições adversas encontradas no mar, ao ponto do navio naufragar próximo a Malta. Durante sua estadia na ilha, pregou o evangelho aos habitantes e mais tarde, já em Roma, também pregava e escrevia epistolas aproveitando-se da condição de prisão domiciliar. Quando finalmente é julgado, é sentenciado a morte por decapitação por ordem de Nero.

 

MENSAGEM

A conversão de Paulo mudou radicalmente e para sempre os rumos da sua vida. Ele foi responsável por uma teologia que mudou crenças religiosas e a filosofia do mundo em que viveu e influenciou toda a cristandade.

Seja no testemunho, nas pregações ou em suas epístolas, Paulo trás no centro de sua pregação o Cristo (intrinsecamente ligado ao Pai e o Espírito Santo) que venceu a morte de cruz e se tornou Salvador da humanidade. Desta maneira o homem entregue ao pecado e longe de Deus pode se salvar a partir da conversão (Metanoia) em Cristo, simbolizada no batismo como forma de entrar na graça.

Ele é um dos maiores influenciadores (senão o maior) do Novo Testamento. Declarou que a Torá não é necessária para a salvação, mas serve como validação do Evangelho de Jesus, que a Igreja é parte do corpo de Cristo e que o mundo fora da Igreja está sob julgamento. Foi o maior pregador do cristianismo, depois do próprio Cristo.

 

TEXTOS SAGRADO

Ao escrever suas epistolas (cartas), a grande preocupação de São Paulo era abordar os problemas reais das comunidades de forma prática e pastoral. Com uma visão atualizada do velho testamento a partir da perspetiva cristã, o pensamento Paulino foca na criação de comunidades vivas na fé e alicerçadas no Cristo Ressuscitado de forma a animá-las com perseverança ante aos inúmeros desafios concretos impostos pela vida real dos seguidores.

Estima-se que as cartas paulinas foram redigidas em grego entre os anos 51 e 63 e são os primeiros textos do Novo Testamento que foram de fato escritos.  Das 13 que “sobreviveram”, 7 são consideradas autênticas e 6 são consideradas deuteropaulinas. É consenso entre os exegetas que a Carta aos Hebreus, que antigamente era atribuída a Paulo, se trata de um tipo de sermão feito por um autor anônimo.

CARTAS AUTÊNTICAS

Aquelas que são consideradas escritas realmente por Paulo, são elas:

·       I Tessalonicenses

·       Filipenses

·       Gálatas

·       Romanos

·       Filemon

·       I e II Coríntios

CARTAS DEUTEROPAULINAS

Estudiosos afirmam que essas cartas foram provavelmente escritas numa época posterior a Paulo por discípulos diretos do apóstolo e são subdivididas em cartas destinadas às comunidades e cartas pastorais para os pastores dessas comunidades, são elas:

·       Cartas: Colossenses, Efésios e II Tessalonicenses;

·       Cartas Pastorais: I e II Timóteo e Tito.

A carta a Filemon é um documento que acredita-se ser apropriado pra uma epístola daquela época, pois tem um só assunto e numa só página. Mas também é aceitável dizer que alguns textos são um conjunto de várias cartas que foram reunidas num só documento. Quando se analisa outros textos, como Filipenses e Coríntios, por exemplo, se percebe a junção de várias cartas que podem ter sido reunidas e sistematizadas para a publicação na Bíblia.

As cartas paulinas estão no Novo Testamento – logo após Atos do Apóstolos – e é importante saber que na Bíblia Sagrada elas estão classificadas pelo tamanho, da maior para a menor, o que pode tornar a leitura uma pouco mais difícil. Um roteiro mais adequado de leitura, seria considerar o viés cronológico. Nessa proposta, a dica é ler nesta ordem: I e II Tessalonicenses, Filipenses, I e II Coríntios, Gálatas, Romanos, Eféios, Colossenses, Filemon, I Timóteo, Tito e II Timóteo.

É sempre bom lembrar que as cartas paulinas são textos que respondem a problemas e entender isso é uma das chaves para compreender e ler esses textos.

 

PRISÃO E MARTÍRIO

Paulo foi preso em Jerusalém e passou dois anos como prisioneiro na Cesaria. Em 59 d.C. foi acusado de traição e apelou ao direito de ser julgado num tribunal apropriado, uma vez que ele ostentava o título de cidadão do império. Durante a transferência para Roma, o navio que fazia seu transporte naufragou na altura da ilha de Melite – atual Malta – (At 28,1-2) e ao chegar ao destino (60 d.C.) (At, 28 16,17) viveu dois anos em prisão domiciliar (At 28, 30-31). Parte das epístolas (cartas paulinas) que conhecemos hoje pelo Novo Testamento foram escritas nesse período.

Quando Nero (imperador de 64 d.C a 68d.C) acusa os cristãos de atear fogo em Roma (64 d.C), Paulo é transferido para uma prisão nos arredores da capital e o imperador determina que a pena fosse executada por decapitação, forma considerada digna e reservada somente aos cidadãos romanos. O martírio assim seu deu em 67 d.C num local chamado Aquæ Salviæ (Águas Salvas) situado ao sul de Roma.

A tradição cristã diz que depois de decapitada, a cabeça de São Paulo bateu três vezes no solo onde nasceram 3 fontes de água. Elas existem ainda hoje na Igreja de São Paulo dentro do complexo Trapista da Abadia das Três Fontes, ao longa da Via Laurentina. A cinco quilômetros dali se encontra a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, que foi construída para marcar e abrigar o túmulo onde o apóstolo teria sido sepultado.

 

SOLENIDADE LITÚRGICA

A Igreja homenageia São Paulo Apóstolo em duas festas litúrgicas. A primeira celebra sua conversão em 25 de janeiro e existe desde o século VIII, foi instituída na Gália, mas só entrou no calendário romano no final do século X. É também nesse dia em que comemoramos nosso aniversário, uma vez que então comunidade Nossa Senhora Aparecida, pertencente a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, foi erigida a condição de paróquia em 25/01/1999, ocasião em que comemoramos nosso aniversário com atividades litúrgicas. A segunda, faz honra ao seu martírio em 29 de junho, data compartilhada com São Pedro Apóstolo. Ela está no livro dos santos da Igreja Católica (santoral) muito antes da festa do Natal. Tradicionalmente nossa comunidade realiza as festas do padroeiro nesta data.

São Pedro, São Paulo e São João Batista são os santos mais comemorados solenemente no ano litúrgico, sendo superados somente pela Virgem Maria.